Filme sobre a história de Rubem Braga tem Muqui como cenário
O Voo da Borboleta Amarela, a cinebiografia que conta a história do escritor e cronista Rubem Braga, dirigido por Jorge Oliveira, com codireção de Pedro Zoca e produção de Ana Maria Rocha, foi filmado na Fazenda Santa Rita em Muqui, no Espírito Santo, no Rio de Janeiro e na cidade de Braga, em Portugal. A sua realização acontece graças a participação do SESI, que, mais uma vez, junta-se a JCV para trazer às telas mais uma obra do mesmo diretor, a exemplo do premiadíssimo Olhar de Nise, que contou a história da psiquiatra alagoana Nise da Silveira.
Segundo o diretor, O Voo da Borboleta Amarela demorou cinco anos para ser produzido, além de mais dois de pesquisa para a realização do argumento e roteiro. Durante esse tempo, Jorge Oliveira debruçou-se sobre as dezenas de livros de Rubem Braga, considerado o mais importante cronista brasileiro, autor de mais de 15 mil crônicas. O resultado desse trabalho é um espetacular longa-metragem, com quase 80 minutos de duração, que conta a história de vida do escritor numa cronologia inversa, desde a sua morte, em 1999, até a primeira crônica que escreveu aos 13 anos de idade ainda nos bancos escolares em Cachoeiro de Itapemirim.
Contar a vida desse cronista, escritor, poeta, suas aventuras amorosas e sua influência na política brasileira foi um desafio para o diretor e roteirista que contou com a participação de três atores para interpretar o personagem no longo período abordado no filme. O filme tem a participação especial do ex-embaixador Lauro Moreira, que interpreta Rubem Braga na maturidade, tem vários pontos em comum com o personagem, além de ter sido próximo dele no Rio de Janeiro onde, em 1950, levou ao teatro a crônica Ai de Ti Copacabana.
Roberto de Martin, ator que já participou de outros filmes de Jorge Oliveira, interpreta Rubem dos 50 aos 30 nos períodos mais férteis da produção literária do cronista que viveu gloriosos momentos profissionais como correspondente em Paris e como jornalista na cobertura da Segunda Guerra Mundial. O Rubem adolescente, que vive suas memórias de menino capixaba, é interpretado pelo jovem ator David Landeiro, nascido na mesma Cachoeiro do Itapemirim, terra onde nasceu o cronista.
Toda a realização e produção do filme teve a coordenação da jornalista Ana Maria Rocha – que também montou o filme com o editor Adelson Barreto.
Rubem Braga, para muitos, iguala-se a Machado de Assis, Lima Barreto, Antônio Maria e tantos outros cronistas que, com seus olhares atentos e aguçados, deixaram ao Brasil o testamento do que existe de mais puro na literatura e na língua portuguesa. O Voo da Borboleta Amarela, título do documentário, foi inspirado na crônica A Borboleta Amarela, um texto primoroso e poético sobre o simples voo de uma borboleta no centro do Rio de Janeiro.
Apesar de suas vivências cosmopolitas em grandes cidades do mundo, de cargos representativos que exerceu como Embaixador em Marrocos e Cônsul no Chile, Rubem Braga nunca deixou de ser do interior. Era um homem ligado à natureza e manteve-se fiel às suas origens, pois tinha receio que lhe escapasse a sabedoria dos homens simples da roça. Esteve sempre ligado às raízes da sua pequena Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo. E para cultivar suas raízes mantinha um apartamento numa cobertura em Ipanema com um vasto pomar, criado por Burle Max.
“Sou um homem do interior, tenho uma certa emoção do interior, às vezes penso que eu merecia ser goiano”. (Rubem Braga).